sexta-feira, 9 de maio de 2014

Candeeiro a petróleo Arte Nova



Como o prometido é devido aqui seguem as novas fotografias do candeeiro Arte Nova, parcialmente descrito na anterior publicação.
O exemplar parece ser de fabrico alemão, austríaco ou checo, pelas particularidades estéticas e de montagem visíveis em candeeiros semelhantes. O facto do queimador, da Hugo Schneider, ser de fabrico alemão não indica necessariamente que o candeeiro seja de manufactura alemã. Temos portanto um exemplar bastante equilibrado, contido e elegante.
As montures estavam, como se referiu anteriormente, com uma camada horripilante de purpurina, a qual foi retirada. Neste ponto havia duas soluções, deixar as montures no estado natural, cinzento claro, ou pintá-las de preto fosco para realçar as cores. Debaixo da camada de purpurina não havia vestígios de outras cores ou patines, sendo este o método da época de iludir as ligas de estanho e antimónio. Como tinha pintado recentemente uma cama em ferro, com preto fosco, com os típicos acessórios em latão, aproveitei e apostei o resto no candeeiro. O resultado foi soberbo, adquiriu uma elegância e notoriedade fenomenais.





O candeeiro após o restauro.



O pé do candeeiro, duas perspectivas, onde o gosto Arte Nova é mais evidenciado. A opção pela pintura em preto realçou os elementos em pedra, alabastro (?).



O gosto burguês está patente no capitel, duas perspectivas. As formas clássicas bem patentes são adulteradas maviosamente pela estética Arte Nova.



O reservatório em vidro verde água, com as surpreendentes névoas brancas, dão o toque singular Arte Nova neste exemplar, três perspectivas.



O queimador Kosmos 14” da Hugo Schneider, três perspectivas. A galeria, suporte ou aranha, para globo ou abat-jour tem 8,5m para encaixe do respectivo quebra-luz. Este candeeiro deverá ter sido produzido entre 1895 a 1914.



A fábrica da Hugo Schneider, durante a sua existência, produziu diferentes tipos de queimadores Kosmos. A marca é sempre visível nos reguladores, como nestes que tenho na colecção, os quais diferem ligeiramente entre si. A denominação Kosmos Brenner, lado direito, parece ser mais recente que as anteriores, usada a partir de 1895.



Este candeeiro é composto por diferentes materiais, como o ferro, liga de estanho e antimónio, pedra, latão e vidro. As diferentes peças são unidas, internamente, por um ferrinho no qual se enrosca uma anilha.



Na próxima publicação iremos analisar os componentes em vidro deste candeeiro.





No mercado nacional surgem esporadicamente candeeiros segundo a estética da Arte Nova, mas infelizmente alguns são desequilibrados na conjugação de motivos e estilizações. Todavia há magníficos exemplares da autoria de grandes arquitectos, joalheiros e ourivesarias. Este candeeiro não se enquadra esteticamente nestes autores. A sua versão é comercial, se bem que bem conjugada, em comparação com outros exemplares mais sobrecarregados em motivos estilizados.
A famosa casa e ourivesaria Christofle, na Exposição Universal de 1900, apresentou um sinuoso candeeiro, com queimador Matador 20” da Ehrich & Graetz, em bronze patinado com reservatório castanho alaranjado. No ano anterior, desta vez em Munique, na Exposição Secession o arquitecto belga Henry van de Velde apresentou o projeto de um escritório. O arquitecto desenhou o mobiliário, papel de parede e utensílios, nesta categoria havia um candeeiro de tecto eléctrico, outros dois de secretária e um a petróleo, todos segundo o gosto Arte Nova.



Candeeiro realizado por Christofle, ilustração retirada do seguinte link:



O arquitecto francês Anthony Selmersheim foi autor de um invulgar candeeiro a petróleo, em 1898, cujo reservatório, em azul-cobalto, está envolvido por braços, em bronze dourado sinuosamente belos.



Candeeiro pelo arquitecto Anthony Selmersheim, ilustração retirada do seguinte link:



A casa Georges Leleu produziu característicos candeeiros, os quais ainda se encontram em bastantes sites de venda online.
O escultor Charles-Emile Jonchery, filho escultor Emile Jonchery, trabalhou no atelier de Auguste Rodin, foi autor de um candeeiro a petróleo denominado La Nuit em 1890. O candeeiro é em liga metálica, base em mármore vermelho e as suas formas envolventes desabrocham numa figura feminina. As vestes desta figura deixam transparecer o seu corpo nu, revelando um erotismo e elegância característicos destes período.



Candeeiro pelo escultor Charles-Emile Jonchery, ilustração retirada do seguinte link:



Outro escultor francês de renome, François-Raoul Larche, foi autor de dois magníficos candeeiros elétricos em bronze dourado, adquiridos pela Rainha Dona Maria Pia antes da revolução de 1910. Os exemplares foram fundidos na Casa Siot-Decauville. No quarto de banho da Rainha há um interessante candeeiro a gás, também dentro da estética Arte Nova, mas electrificado.


3 comentários:

  1. Great pictures! awesome lamp!
    Cheers from NL,
    Armian

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  2. Hello Armian

    Thank you so much for your appreciation.

    António

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  3. Caro Sr Antonio Fevereiro
    Gostei muito de ver este seu blog. Tenho um candeeiro muito identico a este, mas eletrificado.
    Reservatório em vidro verde, pintado à mão.
    Cumps,
    Nuno Ribeiro

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